Projetando um ano morno em que as empresas deverão assumir a responsabilidade e dedicar energia para alcançar seus resultados, a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, palestrou nesta terça-feira (12) na reunião-almoço que a Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) promoveu em parceria com o Sindilojas Vale do Taquari. Para um público de cerca de 120 pessoas e sob o tema “Cenário econômico 2024: o que esperar”, ela abordou o ambiente internacional e brasileiro, antecipando estimativas para inflação, taxas de juros, riscos e comportamento dos consumidores. “O Brasil, mais uma vez, vai ser um Brasil que a gente conhece, não vai ser muito diferente. O bom é que quando a gente não lida com o desconhecido, já sabemos como vai ser, então fica mais fácil tomar decisões”, afirmou.
Ao descrever a situação mundial, que apresenta muitas incertezas, Patrícia destacou que muitas políticas internacionais impactam o cenário local, principalmente quando envolvem as taxas de juros. Depois de um aumento na demanda por determinados produtos, os preços nos países mais desenvolvidos começaram a subir e para conter a inflação, foi necessário o aumento dos juros o que, consequentemente, desacelerou a atividade econômica. Na contramão disso, o Brasil apresenta um cenário diferente, com taxas de juros caindo, inflação controlada e taxas de crescimento subindo. “Às vezes a gente tem uma visão mais pessimista de nós mesmos porque olhamos só para nós e para o potencial que a gente tem. Mas quando a gente olha ao redor, a gente consegue enxergar coisas diferentes. Para o olhar do mundo, o Brasil está mais bonito do que os brasileiros conseguem ver”, declarou.
Porém, a economista alertou que ainda existem muitas incertezas, principalmente no que diz respeito às contas públicas, as quais ela classificou como o calcanhar de Aquiles do país: “Quando a gente tem dúvida quanto à dinâmica das contas públicas, isso obviamente lá pra frente começa a pressionar a inflação, estabelece um piso para a taxa de juros e, de uma forma ou de outra, acaba freando o crescimento econômico”. Mas ela garantiu: “O Brasil não vai atrapalhar, mas também não vai ajudar os negócios”.
Crescimento contínuo
Patrícia chamou a atenção para o fato de que nos últimos anos o Brasil tem alcançado resultados melhores do que os estimados pelos economistas, justificando que os modelos matemáticos olham pra trás para prever o que vai acontecer para frente e, no entanto, uma série de ações mudaram as características da economia nacional. Entre as citadas estão as reformas trabalhista e previdenciária, que, somadas a outras, geraram uma lógica diferente do que os modelos estavam ajustados. “Todos os anos a gente tem sido surpreendido com uma taxa de crescimento maior do que o esperado porque talvez a nossa economia, com essas reformas, tenha se tornado mais resiliente”, explicou.
Essas mudanças, aliadas ao desempenho extraordinário da agropecuária e aos estímulos fiscais, têm ajudado a garantir um crescimento econômico contínuo, mas a economista alertou que essas ações precisam seguir acontecendo para manter o cenário positivo.
Mercado de trabalho
Quanto ao mercado de trabalho, Patrícia destacou que muitos empregos formais foram criados, mas que as empresas começam a ter dificuldade para encontrar mão de obra disponível. Apesar desse aumento da massa de trabalho, os salários continuam baixos e as pessoas, em média, ganham hoje valores em termos reais semelhantes aos de 2019. A consequência disso é um poder de compra reduzido.
Aumento do ICMS
Pauta bastante discutida nos últimos dias, o aumento do ICMS no Rio Grande do Sul também foi abordado por Patrícia, que reafirmou o posicionamento contrário da Fecomércio-RS. Segundo ela, o Estado já carrega uma carga bastante elevada e não tem como suportar essa elevação, por isso o governo deve encontrar outra alternativa. Ela ainda complementou: “Tirar benefícios fiscais ou aumentar a alíquota modal é aumentar a carga tributária”.
Pontos de atenção
Para encerrar sua fala, Patrícia salientou que, bom ou ruim, o cenário macroeconômico vai ser o mesmo para todos. Como sugestão de ponto de atenção no varejo, ela indicou que os consumidores estão mais cautelosos e apresentam um perfil mais envelhecido, com orçamento mais apertado e poder de compra menor. Paralelo a isso, as taxas de crédito, apesar de estarem caindo, ainda estão altas, assim como o índice de inadimplência. “Cada vez mais o resultado da empresa estará sustentado na estratégia que ela vai ter”, concluiu.
Negociação abrange Lajeado, Cruzeiro do Sul, Estrela, Arroio do Meio e Muçum
O documento especifica as gratificações, adicionais e auxílios para compensar as horas trabalhadas para as organizações do comércio representadas pelo Sindilojas VT